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Novos hábitos: como utilizar a disciplina a nosso favor?

  • Foto do escritor: Fernanda Sencades
    Fernanda Sencades
  • 24 de fev.
  • 4 min de leitura
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Criar novos hábitos pode parecer um grande desafio. Muitas vezes, começamos motivados, mas com o tempo, a constância se torna difícil e acabamos voltando aos velhos padrões. Isso acontece porque nosso cérebro nem sempre está preparado para mudanças, especialmente quando os resultados positivos demoram a aparecer.


A boa notícia é que, ao entendermos como funciona a formação de hábitos e usarmos a disciplina de forma estratégica, podemos tornar esse processo mais fácil e sustentável. Mas como transformar a disciplina em aliada para criar novos hábitos? E por que nosso cérebro resiste tanto à mudança?


O duelo interno do cérebro ao criar novos hábitos


Na neurociência, entendemos que nosso cérebro está constantemente travando um duelo entre a gratificação imediata e a recompensa futura. Esse conflito ocorre principalmente entre duas áreas cerebrais:


  • O sistema límbico, responsável pelas emoções e pela busca por prazer imediato. Ele nos incentiva a escolher atividades que trazem satisfação no curto prazo, como comer algo calórico, procrastinar ou evitar tarefas difíceis.

  • O córtex pré-frontal, a parte do cérebro ligada ao raciocínio lógico, ao planejamento e ao autocontrole. É ele que nos ajuda a tomar decisões pensando no longo prazo, como estudar para uma prova ou praticar exercícios físicos.


Quando tentamos implementar um novo hábito cuja recompensa demora a aparecer, como fazer exercícios para melhorar a saúde ou estudar para crescer na carreira, o sistema límbico resiste. Ele prefere escolhas que tragam prazer imediato, como ficar no sofá assistindo a séries ou navegar nas redes sociais. Por isso, o cérebro precisa de disciplina para superar essa tendência natural.


A neurociência por trás da formação de hábitos


Os hábitos são formados por um ciclo neurológico que envolve três elementos principais:

  1. Gatilho: É o estímulo que inicia o comportamento. Pode ser um horário específico, um ambiente ou uma emoção (por exemplo, sentir-se estressado e buscar comida para aliviar a tensão).

  2. Rotina: A ação que se repete, como praticar exercícios, ler um livro ou verificar o celular constantemente.

  3. Recompensa: O benefício obtido com a ação, como prazer, alívio ou satisfação.


Para hábitos ruins, a recompensa vem imediatamente (como a sensação de bem-estar ao comer um doce). Já para hábitos positivos, a recompensa muitas vezes só aparece depois de um tempo (como a melhora no condicionamento físico após meses de treino). É exatamente por isso que é difícil manter um novo hábito: o cérebro não percebe um benefício imediato.


Como usar a disciplina para vencer esse duelo?


A disciplina pode ser uma grande aliada para superar essa resistência do cérebro e consolidar novos hábitos. Aqui estão algumas estratégias eficazes:


1. Reduza a resistência inicial


Nosso cérebro adora atalhos. Se você quer criar um hábito novo, torne-o mais acessível e fácil de iniciar. Por exemplo:

  • Se deseja praticar exercícios, deixe suas roupas e tênis à vista.

  • Se quer ler mais, mantenha o livro ao alcance das mãos.

  • Se deseja se alimentar melhor, tenha opções saudáveis prontas para consumo.

Quanto menos esforço for necessário para começar, menor será a resistência do cérebro.


2. Associe o novo hábito a um prazer imediato


Para driblar a necessidade do cérebro por gratificação instantânea, associe pequenos prazeres ao hábito que deseja criar. Algumas ideias:

  • Ouvir sua música favorita enquanto treina.

  • Tomar um café gostoso após estudar.

  • Criar um sistema de pequenas recompensas a cada conquista.

Isso ajuda a enganar o sistema límbico, tornando o processo mais prazeroso desde o início.


3. Use o poder do "efeito dominó"


Um pequeno hábito positivo pode desencadear outras mudanças. Se você começar o dia arrumando a cama, por exemplo, isso pode criar um efeito de organização para o resto do dia. Pequenos sucessos ativam a liberação de dopamina, o neurotransmissor responsável pela sensação de recompensa, facilitando a continuidade do hábito.


4. Crie uma identidade associada ao novo hábito


Em vez de apenas tentar fazer algo novo, veja-se como alguém que já possui aquele hábito. Por exemplo:

  • Ao invés de "vou tentar correr", diga: "sou uma pessoa que cuida da saúde e se exercita".

  • Em vez de "preciso estudar mais", pense: "sou alguém disciplinado e comprometido com o aprendizado".

Essa mudança de mentalidade fortalece o compromisso com o novo comportamento.


5. Tenha um sistema, não apenas um objetivo

Muitas pessoas falham ao criar hábitos porque focam apenas no objetivo final, sem pensar no processo. Para que o hábito se mantenha, é importante criar um sistema para sustentá-lo.

  • Em vez de dizer "quero emagrecer 10 kg", estabeleça um sistema: "vou fazer 30 minutos de exercícios diários".

  • Em vez de "quero ler mais", defina: "vou ler 10 páginas todos os dias antes de dormir".

Sistemas garantem que você mantenha o hábito mesmo quando a motivação estiver baixa.


6. Tenha paciência e celebre pequenas conquistas

Mudanças cerebrais levam tempo. Estudos indicam que um novo hábito pode levar de 21 a 66 dias para se consolidar. Portanto, seja paciente e celebre cada pequena vitória ao longo do caminho. Cada repetição fortalece as conexões neurais, tornando o hábito cada vez mais automático.


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Reflexão final

A criação de novos hábitos envolve um verdadeiro duelo interno entre o prazer imediato e a recompensa futura. Nosso cérebro, acostumado a buscar satisfação rápida, pode resistir às mudanças no início, mas com disciplina e estratégias bem aplicadas, é possível torná-las mais naturais e sustentáveis.


O segredo está em tornar os hábitos desejáveis, acessíveis e recompensadores, além de criar um ambiente que favoreça a disciplina.


Lembre-se: a construção de hábitos é um processo contínuo, e pequenas ações diárias fazem toda a diferença para alcançar mudanças duradouras.

Se deseja melhorar algum aspecto da sua vida, comece pequeno, mas comece agora. Seu cérebro pode até resistir no início, mas com o tempo, o novo hábito se tornará automático — e os benefícios, inevitáveis.

 
 
 

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